Análise da intensidade, aspectos sensoriais e afetivos da dor de pacientes em pós-operatório imediato¹ 

O estudo “Análise da intensidade, aspectos sensoriais e afetivos da dor de pacientes em pós-operatório imediato”, de Meier AC et al, avalia a dor de pacientes em pós- operatório imediato, na admissão, uma hora após e na alta de uma Unidade de Recuperação Pós-Anestésica quanto à intensidade, aspectos sensoriais e afetivos.

Na análise, os autores partem da definição para a dor da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), que a descreve como sendo uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a lesões reais ou potenciais, sempre subjetivas. Além de se caracterizar como experiência multidimensional, tanto em qualidade quanto em intensidade, com aspectos sensoriais, afetivos, autonômicos e comportamentais.

Dor de pacientes em pós-operatório imediato - mecanismos e características

Após qualquer agressão, as células liberam prostaglandinas, que atraem outras especializadas na fagocitose e que favorecem a sensibilidade. Desta forma, as terminações nervosas indiferenciadas captam os estímulos dolorosos e a exposição intensa e prolongada a esses estímulos provoca uma série de reações, alterando o funcionamento de todo o organismo.

A dor pode ser classificada em aguda, crônica, nociceptiva, somática, visceral e neuropática. Ao considerá-la no pós-operatório imediato em uma Unidade de Recuperação Pós-Anestésica (URPA), é classificada como aguda, produzida por lesão na pele, estruturas somáticas profundas ou viscerais. Resulta da incisão cirúrgica e manipulação de tecidos e órgãos, frequente neste período, principalmente em cirurgias de médio e grande porte.

Em muitos casos, a dor pós-operatória é causada por falhas no tratamento, retardando a recuperação e a reabilitação. Para qualificar a assistência, garantir a excelência e segurança no cuidado e aumentar a satisfação do paciente é necessário educar e instrumentalizar a equipe de saúde para a avaliação da dor com escalas validadas. Como o instrumento de McGill, que avalia a dor nas dimensões sensorial, afetiva e avaliativa com base em palavras que os pacientes selecionam para descrever sua própria dor.

Dor de pacientes em pós-operatório imediato – método do estudo e público pesquisado

O método utilizado foi analítico, transversal, com 336 pacientes, formulário sociodemográfico e clínico, escala numérica da dor e McGill reduzida. Estatística descritiva, analítica, com significância para p<0,05.

• Período de coleta dos dados - setembro e outubro de 2015;
• Local de coleta - Unidade de Recuperação Pós-Anestésica (URPA) de hospital geral do Noroeste do Rio Grande do Sul;
• Estrutura do local - 10 leitos, equipe de enfermagem composta por um enfermeiro assistencial e oito técnicos de enfermagem, com apoio de 10 anestesistas.

Verificou-se maior percentual de pessoas do sexo feminino (68,8% - 231 pacientes), acima de 60 anos (75,9% - 255), casadas (65,2% - 219), com filhos (86% - 289) e que cursaram o ensino fundamental completo (53,6% - 180). Evidencia-se também maior percentual de aposentados (28,3% - 95), seguido de autônomos (21,5% - 74) e de agricultores (20,5% - 69).

A maioria foi submetida à cirurgia aberta (77,6% - 258), com anestesia geral, raquianestesia ou raquianestesia com bloqueio. Conforme especialidade, os maiores percentuais são de pacientes submetidos às cirurgias oncológicas (26,5% - 89), seguido de traumatológicas, gerais, obstétricas, urológicas, ginecológicas e vasculares.

Dor de pacientes em pós-operatório imediato - resultado e conclusões do estudo

No pós-operatório imediato (POI), os resultados sugeriram que:

• 57,3% dos pacientes não referiram dor e 47% relataram dor da admissão à alta, sendo estatisticamente significativas;
• Pacientes submetidos à cirurgias oncológicas e traumatológicas relataram mais dor (p<0,01);
• Na admissão e manutenção, prevaleceu dor moderada e intensa; na alta, dor leve e moderada.

Concluiu-se que houve um percentual elevado de pacientes com dor no pós- operatório imediato, desde a admissão na unidade até a alta e que a analgesia pode resultar em uma recuperação rápida com maior colaboração do paciente com o tratamento e melhores resultados pós-cirúrgicos. Considera-se que esses resultados possam ser importantes para instigar novas investigações, com maior número de participantes e que permitam fazer inferências.

Os resultados podem também ser importantes na prática clínica de enfermagem ao paciente em POI e impactar positivamente na qualidade da assistência, conduzir reflexõe s, discussões e ações de monitoramento, avaliação e manejo da dor desses pacientes. Pois a atuação do enfermeiro é valiosa no que diz respeito à avaliação da dor e preparação da equipe com vistas à implementação de medidas para manejo adequado da d or no p ó s-operatório, contribuindo para a satisfação e sensação de segurança do paciente, aliada a uma melhor recuperação e menor tempo de internação.

Referências:
1. Meier AC, Siqueira FD, Pretto CR, Colet CF, Gomes JS, Stumm EMF, et al.
Análise da intensidade, aspectos sensoriais e afetivos da dor de pacientes em pós-
-operatório imediato. Rev Gaúcha Enferm. 2017;38(2):e62010. doi: http://dx.doi. org/10.1590/1983-1447.2017.02.62010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/zmHgXYBPNHVxdRHBwszBDTM/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 30/08/2021.​​​​​​​

PP-BEX-BRA-0452