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Gerenciamento de intercorrência na enfermagem e a importância de um atendimento estruturado
Nos corredores movimentados dos hospitais, onde a saúde e o bem-estar dos pacientes estão no centro das atenções, situações fora do planejado podem surgir inesperadamente. O gerenciamento de intercorrência na enfermagem é um desafio para as equipes de saúde, que precisam responder com rapidez e precisão 1.
Seja em situações de deterioração clínica aguda ou de reações adversas a tratamentos, reconhecer situações de risco precocemente, transmitir informações de maneira precisa e oferecer uma conduta de assistência bem estruturada é crucial para desenhar um roteiro confiável para ação diante de uma emergência 1.
A comunicação é um dos pilares fundamentais de qualquer ambiente hospitalar. Não por acaso, melhorar a comunicação efetiva é uma das seis metas internacionais de segurança do paciente da Joint Commission International (JCI) – estudos da instituição mostram que a má comunicação é a causa de uma boa parte dos eventos adversos em saúde2.
Em um cenário de intercorrência na enfermagem, a comunicação torna-se ainda mais importante e deve ganhar agilidade, uma vez que as emergências exigem uma resposta rápida e coordenada3.
A comunicação efetiva precisa começar antes mesmo da intercorrência na enfermagem ocorrer. Estudos mostram como a falta de clareza é um dos principais problemas na passagem de plantão na enfermagem, e falhas de comunicação nessa parte do processo e no preenchimento do prontuário médico podem ter impacto negativo na performance profissional durante uma intercorrência hospitalar3.
Nesse contexto, ganham importância ferramentas estruturadas como a SBAR, técnica que otimiza a transmissão de informações. O acrônimo "SBAR" representa as quatro etapas principais da comunicação4:
Essa ferramenta ajuda a minimizar a possibilidade de omissões de informações importantes e a garantir que todas as partes envolvidas tenham uma compreensão clara da situação. Ela é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a transição de cuidados 5.
Com uma comunicação efetiva prévia, o profissional de saúde será capaz de suprir os demais membros da equipe multidisciplinar durante a intercorrência hospitalar com informações valiosas sobre o quadro do paciente. Isso possibilita uma avaliação rápida da gravidade da situação e a tomada de decisões informadas 6.
Vamos exemplificar com uma parada cardiorrespiratória. Após reconhecer a intercorrência, a primeira medida a ser realizada é justamente comunicar-se e pedir ajuda. Em alguns casos bastará chamar a equipe próxima, mas, em outros, são usados códigos hospitalares e é preciso acionar profissionais por um rádio comunicador 7.
Depois disso, são iniciadas as manobras e, durante a reanimação cardiopulmonar, o enfermeiro será responsável por transmitir informações precisas sobre a situação do paciente à equipe de resposta rápida e muitas vezes por coordenar junto ao médico as ações dos demais profissionais. De acordo com um estudo, esta troca de informações se dá de forma rápida e direta e envolve informações sobre 8:
Além disso, as maiores trocas e tomadas de decisão acontecem entre médico e enfermeiro responsável 8.
O reconhecimento precoce e eficaz dos sinais de deterioração clínica é parte essencial do trabalho dos profissionais de enfermagem, e permite uma intervenção rápida e direcionada para prevenir intercorrência na enfermagem 9.
Estudos destacam a importância da sistematização de procedimentos para a troca de informação, como o Modified Early Warning Score (MEWS — Pontuação de Alerta Precoce Modificada, em tradução livre), uma ferramenta aplicada pelos profissionais da saúde para identificação da deterioração clínica de pacientes instáveis e prevenção de complicações graves e fatais 10.
O MEWS atribui pontos a cinco parâmetros clínicos 11:
Cada parâmetro é avaliado em uma escala e recebe uma pontuação, que é somada para obter o escore total, analisado conforme tabela padrão. Quanto mais elevado o escore, maior a probabilidade de deterioração clínica e de que uma intercorrência ocorra 11.
Em um estudo brasileiro com 300 pacientes de hospitais públicos o escore apresentou relevância estatística como preditor de transferência para UTI e parada cardiorrespiratória 11. A Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, por exemplo, possui um protocolo para a utilização do MEWS 12.
Diante de intercorrência na enfermagem, um atendimento estruturado, guiado por protocolos bem definidos, ajuda a minimizar riscos. Ao seguir um conjunto pré-estabelecido de etapas, os profissionais de saúde têm uma diretriz clara para a avaliação, tomada de decisões e intervenções. Isso reduz a chance de falhas de comunicação, procedimentos incorretos ou falta de ações essenciais 13.
Diante de uma parada cardiorrespiratória, por exemplo, o protocolo a ser seguido envolve 7:
estar apto a reconhecer uma parada cardiorrespiratória;
pedir ajuda;
iniciar as manobras de reanimação cardiopulmonar;
Realizar a desfibrilação, se apropriado, após 3 minutos do colapso.
Seguir esse passo a passo é a forma mais assegurada de garantir um atendimento eficaz, padronizado e com maiores chances de desfecho positivo 7.
A necessidade do uso de protocolos em emergência e urgência pelos enfermeiros, por exemplo, é bastante clara: um estudo que analisou pesquisas sobre o tema concluiu que o paciente atendido por meio do protocolo terá um atendimento mais rápido e seguro, porém, destaca que a falta de um processo ativo de aprendizagem pode ser uma dificuldade para enfermeiros 13.
A Organização Mundial da Saúde também enfatiza a importância de procedimentos padrão em suas publicações sobre segurança do paciente, por isso, oferece uma série de ferramentas padronizadas para profissionais de saúde1.
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Referências
1. Organização Mundial da Saúde. Soluções de segurança do paciente. Disponível em: https://www.who.int/teams/integrated-health-services/patient-safety/research/patient-safety-solutions. Acesso em: 22 de março de 2023.
2. Joint Commission International. International patient safety goals. [Internet] Disponível em: https://www.jointcommissioninternational.org/standards/international-patient-safety-goals/. Acesso em: 15 de agosto de 2023.
3. Eller KEA, et al. Revisão bibliográfica: identificação das falhas na comunicação da passagem de plantão de enfermagem. Revista Pesquisa E Ação, 2017;3(1). Disponível em: https://revistas.brazcubas.br/index.php/pesquisa/article/view/269. Acesso em: 15 de agosto de 2023.
4. Instituto Brasileiro de Segurança do Paciente. Como usar o método SBAR na transição do cuidado.. Disponível em: https://ibsp.net.br/materiais-cientificos/como-usar-o-metodo-sbar-na-transicao-do-cuidado/. Acesso em: 15 de agosto de 2023.
5. Organização Mundial da Saúde. Communication During Patient Hand-Overs. Organização Mundial da Saúde, 2007. Disponível em: https://cdn.who.int/media/docs/default-source/patient-safety/patient-safety-solutions/ps-solution3-communication-during-patient-handovers.pdf?sfvrsn=7a54c664_8. Acesso em: 15 agosto de 2023.
6. Nascimento KG. Atendimento de enfermagem na reanimação cardiopulmonar. Universidade Federal do Triângulo Mineiro. 2017. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-sudeste/hc-uftm/painel/gas/denf/servico-de-educacao-em-enfermagem/aulas-e-material-didatico/minicursos/minicursos-2017-1/material-didatico-pcr-see-uftm-2017.pdf. Acesso em: 15 de agosto de 2023.
7. Resuscitation Council (UK). Quality standards for CPR in acute care. Resuscitation Council (UK), 2023. Disponível em: https://www.resus.org.uk/library/quality-standards-cpr/quality-standards-acute-care. Acesso em: 15 de agosto de 2023.
8. Calder LA, et al. Team communication patterns in emergency resuscitation: a mixed methods qualitative analysis. Int J Emerg Med, 2017;10(1):24. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5509566/. Acesso em: 15 de agosto de 2023.
9. Nascimento JSG, Macedo GO, Borges GB. Poder preditivo de uma escala de alerta precoce para deterioração clínica de pacientes críticos. Rev Enferm UFSM. 2020;10:e5. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/view/38300. Acesso em: 15 de agosto de 2023.
10. Olino, L, et al. Gonçalves AC, et al. Comunicação efetiva para a segurança do paciente: nota de transferência e Modified Early Warning Score. RevGaúchaEnferm. 2019;40(spe):e20180341. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.20180341. Acesso em: 15 de agosto de 2023.
11. Miranda CH, Montenegro SMSL. Avaliação do desempenho do escore de alerta precoce modificado em hospital público brasileiro. RevBrasEnferm. 2019;72(6):1580-1586. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0537. Acesso em: 15 de agosto de 2023.
12. Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Protocolo de Prevenção à Saúde. Segurança do paciente: Prevenção da Deterioração Clínica em Pacientes Adultos em Serviço Hospitalar. 2022, Brasília, DF: SES/DF; 2022. Disponível em: https://www.saude.df.gov.br/documents/37101/52011/8.+Protocolo+de+Preven%C3%A7%C3%A3o+da+Deteriora%C3%A7%C3%A3o+Cl%C3%ADnica+em+Pacientes+Adultos+em+Servi%C3%A7o+Hospitalar.pdf. Acesso em: 13 de agosto de 2023.
13. Mariano CG, Cunha FVC, Vador RMF. Importância do uso de protocolos em urgência e emergência pelo profissional enfermeiro. Revista Multidisciplinar Em Saúde. 2021;2(4):162. Disponível em: https://editoraime.com.br/revistas/index.php/rems/article/view/2598. Acesso em: 15 de agosto de 2023.
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