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Empatia nos serviços de saúde beneficia médicos e pacientes
Não é incomum ouvir relatos negativos sobre atendimento médico de pessoas que não se sentiram acolhidas pelo profissional. Como resultado de uma consulta apressada e impessoal, alguns pacientes descrevem a experiência como indesejável e traumática, o que pode levar a abandonar o acompanhamento de saúde.
Para evitar impressão de descaso, manter os pacientes e conquistar novos, é preciso fortalecer as relações em consultório. Uma relação de confiança envolve boa comunicação e esta, por sua vez, envolve empatia.
A definição de empatia no atendimento médico pode divergir ligeiramente de sua definição geral. Em geral, os profissionais a dividem em duas categorias:
Empatia cognitiva - refere-se à capacidade de um médico reconhecer as emoções de um paciente, demonstrar para o paciente o que reconheceu e considerar essas emoções ao tomar decisões de cuidados de saúde.
Empatia afetiva - está mais relacionada à definição tradicional de empatia, quando os profissionais internalizam as emoções que um paciente demonstra, colocando-se na perspectiva dele.
Um médico empático entende como um diagnóstico afeta a saúde mental e o bem-estar de um paciente. Por isso, é capaz de ler sinais emocionais – como, por exemplo, quando um paciente está sendo teimoso, resistente ou está deprimido - que atrapalhariam um tratamento eficaz. Dessa forma, levam essas pistas em consideração enquanto obtêm a história do paciente, explicam diagnósticos e fornecem orientações sobre o tratamento.
Há especialistas que preferem aplicar apenas a empatia cognitiva, afinal ela permite que realizem seu trabalho de forma objetiva, livre do custo emocional que alguns casos podem ter. Por isso, ela ficou conhecida como empatia desapegada - pois permite que os profissionais reconheçam as necessidades do paciente sem serem impactados por essas emoções. No entanto, há também especialistas que acreditam que um bom atendimento médico exige tanto a empatia cognitiva quanto a afetiva.
De modo resumido, pacientes que se sentem acolhidos durante o atendimento médico:
Médicos empáticos também se beneficiam de melhor saúde, bem-estar e satisfação no trabalho. Mas mesmo sendo tão importante para os resultados clínicos, pode ser difícil colocar a empatia em prática.
Estudos relatam que há uma diferença na forma que médicos e pacientes enxergam empatia no atendimento médico:
Percepção dos médicos – tendem a acreditar que a relação entre a empatia cognitiva e a empatia afetiva não é forte e que só a cognitiva interfere no tratamento com o paciente e em como ele se sente sobre o atendimento.
Percepção dos pacientes – tendem a acreditar que a relação entre a empatia cognitiva e a empatia afetiva é muito forte e que ambas afetam a forma que ele se sente sobre o atendimento médico. Ou seja, o paciente percebe quando não há empatia afetiva.
Estudos concluíram que indivíduos atendidos por profissionais empáticos tendem a melhorar mais rapidamente e apresentam sintomas menos agressivos. No entanto, os estudos não sugerem que a recuperação dos pacientes seria, de fato, um resultado direto de mais empatia médica. Em vez disso, os resultados positivos podem estar vinculados a um nível mais alto na qualidade do atendimento médico com mais empatia. Os profissionais que oferecem esse tipo de consulta encontram maior probabilidade do paciente se engajar nos cuidados.
1. Demonstre abertura
Pratique a alteridade. Parta sempre do ponto de que todas as pessoas são distintas. A aceitação de que o paciente é diferente de você evita conflitos e torna a conversa mais empática.
Não seja monossilábico. Responder apenas com sim e não pode deixar o paciente receoso em tirar mais dúvidas. Esclareça tudo que precisar, quantas vezes forem necessárias.
2. Ouça com atenção
Pratique a escuta ativa. Evite distrações e interrupções. Deixe o paciente falar.
Leve em consideração o que é falado. Às vezes, um exame ou tratamento pode ser mais eficiente em termos exatos e estatísticos, mas não se aplica ao estilo de vida ou condição financeira do paciente, por exemplo. Não descarte essa informação. Busque alternativas.
Preste atenção também ao não-verbal. Gestos com os braços, postura e expressões faciais fazem parte da linguagem corporal e também comunicam - às vezes, até mais do que a fala. Com concentração, você poderá perceber se o paciente está sendo resistente, se está desconfortável e até se está mentindo.
Não deixe que a tomada de decisões torne você distante. Você precisa manter o distanciamento exigido pela ética profissional. No entanto, não deixe que isso torne sua postura rígida. A área da saúde lida com pessoas em momentos de vulnerabilidade e o acolhimento também é importante.
Referências
https://www.physiciansweekly.com/empathy-the-best-medicine-how-doctors-can-help-patients-remember-more-information-and-make-better-informed-decisions - acessado em 22/09/2022
Wang, Y., Wu, Q., Wang, Y. et al. The Effects of Physicians’ Communication and Empathy Ability on Physician–Patient Relationship from Physicians’ and Patients’ Perspectives. J Clin Psychol Med Settings (2022). https://doi.org/10.1007/s10880-022-09844-1
https://patientengagementhit.com/news/understanding-physician-empathy-how-it-impacts-patient-care#:~:text=Does%20empathy%20improve%20patient%20care,and%20experience%20less%20aggressive%20symptoms - acessado em 22/09/2022
Neumann, Melanie et al. “Physician empathy: definition, outcome-relevance and its measurement in patient care and medical education.” GMS Zeitschrift fur medizinische Ausbildung vol. 29,1 (2012): Doc11. https://doi.org/10.3205/zma000781
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