Como usar as redes sociais para dar informações relevantes sobre saúde para pacientes?
 

O uso das redes sociais por médicos pode ser uma oportunidade de educar e de empoderar o paciente em relação à própria saúde e das pessoas próximas a ele, auxiliando na adoção de hábitos saudáveis e na prevenção de inúmeros problemas de saúde, além de promover mais qualidade de vida. Confira as particularidades do uso das redes sociais no marketing médico e na construção da relação profissional-paciente.
 

Por que é vantajoso o uso das redes sociais por médicos?

Há algum receio por parte da classe médica quando o assunto é utilizar as redes sociais como ferramenta de trabalho. A popularização do marketing médico e as constantes atualizações dessas plataformas podem gerar uma impressão ruim desse tipo de comunicação. No entanto, é preciso diferenciar o uso das redes sociais por médicos e pelo marketing convencional. 

Entenda os dois principais pontos divergentes:

1. O marketing médico não vê pessoas como clientes, mas sim como pacientes que precisam de auxílio em questões de saúde e qualidade de vida. 
2. As estratégias de uso das redes sociais por médicos não são comerciais e invasivas - as publicações devem ser feitas para oferecer informação assertiva a quem busca por elas.

O marketing médico, mais especificamente o uso das redes sociais por médicos, permite:

• O compartilhamento de informações de maneira clara e correta, a fim de auxiliar a pessoa a cuidar da própria saúde.

O médico pode utilizar as redes sociais para ensinar os pacientes sobre como cuidar de seu organismo ou abordar situações em que é necessário procurar um profissional para atendimento. Além disso, em um cenário de descrédito à ciência e propagação de notícias falsas, em que há muitas informações equivocadas sobre doenças e tratamentos na internet, pode ser útil também esclarecer termos e conceitos que são confusos para aqueles que não são da área da saúde.

• A união entre serviços de saúde e pessoas que precisam dele, ao possibilitar o fácil acesso a um perfil profissional.

Estar presente nas redes sociais facilita que seu perfil seja encontrado por pacientes que estão à procura de algum especialista. Uma conta atualizada com informações corretas também confere ao profissional autoridade e confiança, o que desperta nas pessoas o interesse em serem atendidas por um médico que parece dominar a área.

• Um canal de comunicação e relacionamento com pacientes - caminho para a construção de confiança.

O relacionamento médico-paciente é valioso para o acompanhamento de saúde e para o sucesso dos tratamentos. E essa relação se constrói a partir da junção de conhecimento, experiência e confiança. Em um cenário que pacientes buscam atendimento mais integrado, particular e individualizado, estar disponível para interação e fornecer informações de fácil acesso são caminhos para o fortalecimento da confiança.

Primeiro passo: conheça as regras do marketing médico

Antes de criar um perfil em alguma rede social e sair publicando, é preciso estar ciente de todas as determinações do Conselho Federal de Medicina (CFM) que regulamentam as práticas do marketing médico. Por meio de algumas Resoluções, o Conselho garante que aqueles profissionais que utilizarem as redes sociais construam um trabalho sério e incontestável, garantindo a idoneidade e credibilidade dos que trabalham na área da saúde. 

Alguns documentos pautam o uso das redes sociais por médicos: a Resolução CFM nº 1974/2011; a Resolução CFM nº 2.126/2015 e o Código de Ética Médica. Em resumo, tais itens legislativos vedam o médico de:
 

• Se identificar inadequadamente como outra pessoa;
• Divulgar informações de contato (como telefone e endereço) pessoais, da clínica ou serviço em que trabalha;
• Divulgar especialidade que não é reconhecida pelo CFM ou pela Comissão Mista de Especialidades;
• Apresentar serviços de tratamento de sistemas orgânicos, órgãos ou doenças específicas quando não é de sua especialidade;
• Anunciar títulos científicos ou especialidades que não possam ser comprovados e para os quais não esteja qualificado e registrado no Conselho Regional de Medicina (CRM);
• Divulgar procedimentos e descobertas que ainda não são expressamente reconhecidas cientificamente por um órgão competente;
• Publicar anúncios profissionais em que o número de inscrição no CRM não esteja presente;
• Publicar dados estatísticos alterados para beneficiar a si próprio ou à instituição que representa;
• Divulgar procedimentos de maneira exagerada, fugindo dos conceitos técnicos, a fim de priorizar sua atuação ou a de sua instituição;
• Garantir, prometer ou insinuar bons resultados de procedimentos que não são comprovados cientificamente;
• Expor imagens e informações de pacientes para divulgar técnica, método ou resultado de tratamento;
• Utilizar a profissão e reconhecimento para integrar anúncios empresariais, exceto quando forem de interesse público;
• Veicular informações que causem insegurança à sociedade, ainda que comprovadas cientificamente;
• Consultar, prescrever medicamento ou diagnósticos por meios de comunicação de massa;
• Divulgar técnicas e aparelhos como ferramentas exclusivas, como se fosse uma capacidade única e privilegiada;
• Demonstrar procedimentos técnicos e tratamentos de forma a valorizar o domínio de uso ou para estimular a busca por aquele serviço;
• Oferecer serviços por meio do uso de cupons de desconto, cartões e consórcios.

Atenção: no uso das redes sociais por médicos, não cabe o sensacionalismo e autopromoção. É necessário apresentar possíveis conflitos de interesse que possam comprometer o entendimento de suas colocações e garantir a divulgação apenas de informações comprovadas cientificamente.

Por onde começar: dicas para o uso de redes sociais por médicos

Defina em quais redes sociais você deve estar presente - são diversas plataformas disponíveis e cada uma delas possui seu estilo dominante de publicação. Dessa forma, é preciso selecionar onde está seu público e qual tipo de conteúdo você está disposto a produzir. 
 

• Facebook: Uma das redes sociais mais utilizadas no Brasil, permite publicações em fotos, vídeos e textos. É possível alimentar um perfil pessoal ou criar uma página - recurso mais adequado pois oferece mais funcionalidades, além de separar o conteúdo pessoal do profissional.
  
  Na página institucional, você organiza melhor a divulgação dos conteúdos, inclui links para seu site ou blog e também consegue monitorar os resultados das publicações.
• Twitter: muito popular entre a comunidade científica e jornalística, a plataforma é utilizada para publicação de textos curtos. A velocidade da interação é muito maior e, por este motivo, é por lá que despontam acontecimentos que acabam pautando a mídia. Assim como as páginas institucionais do Facebook, as pessoas seguem aqueles perfis dos quais querem acompanhar as postagens.
  
  No Twitter, o uso de hashtags é muito comum e, por meio delas, a pessoa pode localizar diversas publicações sobre determinada pauta.
• Instagram: nessa rede, o foco são as imagens, sejam fotos, ilustrações ou vídeos. É possível criar imagens personalizadas, com foto e texto, para explicar conceitos básicos. O recurso de stories também permite o compartilhamento de momentos da rotina. E, assim como o Twitter, as hashtags são usadas para colocar a publicação dentro de um assunto que está sendo comentado. 
  
  Mas cuidado: o uso de imagens de procedimentos ou doenças podem ser consideradas um ato de violação dos termos de uso do Instagram - além de também poder infringir as regras do CFM.

Selecione as pautas que serão abordadas em suas publicações - seus pacientes querem conhecer seu posicionamento e se informar sobre assuntos relacionados a sua especialidade. Pense em conteúdos que estejam ligados ao bem-estar, conectados à sazonalidade e possíveis problemas de saúde que ela acarreta ou sobre assuntos que estejam em pauta na mídia e no cotidiano. 

Aproveite os recursos interativos - as redes sociais são um sucesso pelo fácil acesso a conteúdos e por tangibilizar personalidades. Se você está disposto a criar um perfil para se comunicar com pacientes, também deve estar disposto a receber interações e respondê-las. Não deixe de responder comentários, sendo eles dúvidas científicas ou apenas um cumprimento.

 

No podcast Eu Doutor@, conversamos com médicas que têm utilizado as redes sociais como o novo cartão de visitas para os profissionais de saúde se apresentarem e levarem informações aos pacientes. Clique aqui e acesse esse episódio.

Referências:
https://esaudemarketing.com.br/marketing-medico/ - acessado em 21/02/2022;
https://portal.cfm.org.br/publicidademedica/pubpropaganda4.html- acessado em 21/02/2022;
https://blog.imedicina.com.br/redes-sociais-para-medicos/- acessado em 21/02/2022.


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