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Revisão brasileira de 7 anos sobre a resistência aos carbapenêmicos

Uma perspectiva nacional brasileira de 7 anos sobre a resistência aos carbapenêmicos mediada por plasmídeos em Enterobacterales, Pseudomonas aeruginosa e complexo Acinetobacter baumannii e o impacto da pandemia da doença do coronavírus 2019 em sua ocorrência - Clinical Infectious Diseases julho de 2023.

(título original: A 7-Year Brazilian National Perspective on Plasmid-Mediated Carbapenem Resistance in Enterobacterales, Pseudomonas aeruginosa, and Acinetobacter baumannii Complex and the Impact of the Coronavirus Disease 2019 Pandemic on Their Occurrence)1.

Contextualizando

  • Países da América Latina relataram um aumento sustentado da resistência em bactérias Gram-negativas de 2010 a 2019, incluindo a emergência de Enterobacterales produtores de carbapenemases, antes incomuns na América Latina, e o aumento do número de isolados expressando ≥1 carbapenemase.2,3
  • A pandemia da COVID-19 representou uma ameaça adicional para o aumento da resistência bacteriana em todo o mundo. O rápido aumento no número de casos de COVID-19 sobrecarregou os sistemas de saúde, criando um problema multifatorial.4,5
  • Apesar da baixa incidência de infecções por bactérias multidroga resistentes, o uso de antimicrobianos em pacientes com COVID-19 para tratar potenciais infecções causadas por patógenos bacterianos tornou-se uma prática empírica amplamente implementada no período da pandemia.4-6


Objetivo do estudo

Avaliar as taxas de detecção, tendências temporais e o impacto da COVID-19 na frequência das carbapenemases mais comuns em Enterobacterales, P. aeruginosa (PSA) e no complexo Acinetobacter baumannii (ABc) registrados em bancos de dados de saúde pública no Brasil de 2015 a 2022.1 


Desenho do estudo

  • Foram utilizados três conjuntos de dados originais fornecidos por sistemas de informação de laboratórios públicos: GAL Nacional (Gerência de Ambiente Laboratorial), LACEN-PR (Laboratório Central do Paraná) e NRL (Laboratório Nacional de Referência).1 
  • Os três conjuntos de dados recebidos foram mesclados em um banco de dados unificado que incluiu as seguintes informações: ano, microrganismo e genes de resistência testados.1
  • Amostras de vigilância (por exemplo, swab retal) foram excluídos desse banco de dados, e apenas 1 isolado por paciente por ano foi incluído no estudo.1
  • O impacto da pandemia COVID-19 foi avaliado comparando a frequência de detecção de cada gene de resistência pré e pós-início da pandemia, que foi definida como os períodos de 1º de outubro de 2017 a 31 de março de 2020 e 1º de abril de 2020 a 22 de setembro de 2022, respectivamente.1
  • Todas as bactérias resistentes aos carbapenêmicos foram submetidas à análise molecular por PCR convencional ou quantitativo para detecção das seguintes carbapenemases: Enterobacterales: KPC, NDM, OXA-48, IMP, VIM; P. aeruginosa: SPM, KPC, NDM, IMP e VIM; e complexo Acinetobacter baumannii: KPC, NDM, OXA-23, IMP, VIM, OXA-24, OXA-58 e OXA-143.1


Resultados:

Tendência temporal da taxa de detecção das enzimas de resistência bacteriana

  • Foi observado um aumento nas taxas de detecção de NDM tanto para Enterobacterales quanto para PSA ao longo de 7 anos de estudo. Em contrapartida, foi observada uma redução na taxa de porcentagem anual para Enterobacterales produtoras de KPC (Tabela 1). A resistência ao ABc permaneceu estacionária ao longo do tempo para a maioria das enzimas e, por isso, não foi representada na Tabela 1.1


Tabela 1. Taxa de detecção, tendência e variação anual de genes de carbapenemases para Enterobacterales e P. aeruginosa (adaptado de Kiffer et al, 20231)

Impacto da pandemia COVID-19 na resistência bacteriana
Os dados deste estudo revelaram que a taxa de detecção para:

Pontos discutidos:

KPC é considerada uma das carbapenemases mais preocupantes entre isolados clínicos de Enterobacterales no Brasil. Muitos surtos têm sido descritos e, desde 2015, atingiu um estado endêmico no país.1 Entretanto, este estudo demonstra que Enterobacterales produtoras de KPC parece estar diminuindo.1 Ainda de acordo com este estudo, alguns fatores poderiam explicar o declínio observado para KPC, tais como:

  • alguns hospitais brasileiros utilizam métodos para a detecção de isolados produtores de KPC e não mais encaminham isolados suspeitos ou positivos para confirmação em laboratórios de referência por considerarem esta enzima de carácter endêmico.1
  • O aumento de NDM não pode ser explicado por uma pressão seletiva causada pelo uso do mais novo inibidor de β-lactamases, pois essa classe de antibióticos tem um alto custo para países de baixa e média renda, como o Brasil e outros países da América Latina, fazendo com que o seu uso seja muito restrito.1 
  • um aumento de isolados produtores de NDM mais evidente é observado a partir de 2018, atingindo o pico durante os anos de pandemia (2020-2022).1
  • uma hipótese para o maior aumento em anos da pandemia em comparação com anos pré-pandemia pode ser a expansão clonal relacionada à superlotação hospitalar, contratação de profissionais de saúde despreparados e uso indiscriminado de antibióticos, especialmente aqueles de amplo espectro.1

Em relação à P. aeruginosa, os autores destacam que os principais mecanismos de resistência aos carbapenêmicos são a hiperprodução de bombas de efluxo e a hiperprodução de AmpC associada à perda/baixa expressão da proteína de membrana externa OprD. Entretanto, a produção de carbapenemases tem desempenhado um papel crescente nesta espécie.1

Uma possível explicação para essa alteração no perfil de produção de carbapenemases em P. aeruginosa é a presença/circulação de clones multirresistentes de alto risco no Brasil, como aqueles carreadores das carbapenemases KPC e VIM.1


Limitações do estudo:

Os autores descreveram que:

  • não havia um protocolo único para todos os estados quanto ao encaminhamento das amostras para os laboratórios estaduais de referência.1
  • não há garantia de que todos os laboratórios estaduais de referência utilizaram o mesmo protocolo de PCR para detecção de genes de resistência e que os protocolos de recebimento e investigação não se alteraram durante o período do estudo.1
  • alguns laboratórios de referência experimentaram uma sobrecarga de isolados durante o período pós-pandemia, e regras mais rígidas tiveram que ser implementadas para limitar o número de amostras recebidas. Esta ação poderia ter causado uma subestimação do aumento geral de genes de resistência durante a pandemia COVID-19.1
  • o número total de hospitais que enviaram isolados para os laboratórios de referência não pôde ser acessado neste estudo.1


Pontos de destaque do estudo:

  • Embora o estudo não consiga estratificar os dados por estado, de acordo com o conhecimento dos autores, este é o primeiro estudo no Brasil a compilar dados de 27 estados e Distrito Federal.1
  • O número total de cepas estudadas (mais de 80.000) durante um longo período (7 anos), incluindo o início pré e pós-pandemia é um ponto forte.1
  • Não foram incluídas amostras de vigilância.1
  • Não foram incluídos isolados duplicados pertencentes a um mesmo paciente.1


Conclusão:

Este estudo mostra os pontos fortes da Rede Brasileira de Vigilância de Resistência aos Antimicrobianos com dados robustos relacionados às carbapenemases no Brasil e o impacto da COVID-19 com uma mudança nos perfis de carbapenemases ao longo dos anos.1

Não está claro se genes de resistência continuarão a aumentar constantemente após a pandemia. No entanto, isso poderia ter um impacto direto no uso de novos antibióticos inibidores de carbapenemases, uma vez que, até o momento, eles não têm ação contra metalo-β-lactamases.1

Os autores destacam ainda que são necessários constantes esforços no combate à resistência antimicrobiana e a importância de coordenar novas e mais fortes ações para identificar fatores de risco para a disseminação de microrganismos multirresistentes com alocação adequada de recursos e políticas destinadas a melhorar o diagnóstico, prevenção e tratamento no país.1

Referências:
1. Kiffer CRV, Rezende TFT, Costa-Nobre DT et al. A 7-Year Brazilian National Perspective on Plasmid-Mediated Carbapenem Resistance in Enterobacterales, Pseudomonas aeruginosa, and Acinetobacter baumannii Complex and the Impact of the Coronavirus Disease 2019 Pandemic on Their Occurrence. Clin Infect Dis. 2023 Jul 5;77(Suppl 1):S29-S37. 
2. Pan American Health Organization. Epidemiological Alert - Emergence and increase of new combinations of carbapenemases in Enterobacterales in Latin America and the Caribbean. Washington, DC. 2021. Available at: https:// www.paho.org/en/documents/epidemiological-alert-emergence-and-increasenew-combinations-carbapenemases  
3. Thomas GR, Corso A, Pasterán F, et al. Increased detection of carbapenemases producing Enterobacterales bacteria in Latin America and the Caribbean during the COVID-19 pandemic. Emerg Infect Dis 2022; 28:1–8.
4. Weiner-Lastinger LM, Pattabiraman V, Konnor RY, et al. The impact of coronavirus disease 2019 (COVID-19) on healthcare-associated infections in 2020: a summary of data reported to the National Healthcare Safety Network. Infect Control Hosp Epidemiol 2022; 43:12–25.
5. Rizvi SG, Ahammad SZ. COVID-19 and antimicrobial resistance: a cross-study. Sci Total Environ 2022; 807:150873.
6. Ghosh S, Bornman C, Zafer MM. Antimicrobial resistance threats in the emerging COVID-19 pandemic: where do we stand? J Infect Public Health 2021; 14:555–60.

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