A fagoterapia tem uma premissa simples: usar vírus bacteriófagos para destruir bactérias infecciosas. Adotada em diversos países, a prática caiu em desuso depois da popularização da penicilina e dos antibióticos. Nos últimos anos, porém, estudos verificaram que este tipo de tratamento pode ser muito útil para combater a resistência antimicrobiana.  

Um levantamento de 2020 da Sociedade Brasileira de Infectologia¹ mostrou evidências clínicas ao redor do mundo de utilização bem-sucedida da fagoterapia em patógenos considerados uma ameaça no Brasil como Acinetobacter baumannii multirresistente (MDR), Pseudomonas aeruginosa e Klebsiella pneumoniae. Ao analisar estudos e casos clínicos com fagoterapia em várias regiões do mundo, os pesquisadores concluíram que os fagos podem ser usados de diversas maneiras eficazes para diminuir o uso de antibióticos e sua consequente resistência, entre elas¹:  

• em solução desinfetante para as mãos com o objetivo de melhorar a higiene e evitar a propagação de patógenos multirresistentes.  
• em combinação com detergentes para a remoção eficaz de patógenos nas superfícies de ambientes hospitalares.  
• em uma formulação de aerossol na UTI para reduzir novas aquisições de infecção por A. baumanii resistente a carbapenêmicos.  
• em combinação com agentes antimicrobianos para aumentar a eficácia terapêutica e diminuir o desenvolvimento de resistência antimicrobiana durante a terapia.  
• para descolonização de isolados específicos.  

Outra vantagem da utilização da fagoterapia no Brasil, afirmam os estudiosos, é o baixo custo. O processo de descoberta e produção de um novo agente antimicrobiano costuma ser custoso em termos de tempo e recursos. Em contraste, os fagos poderiam ser identificados em ambientes aquáticos, especialmente em esgotos, por meio de um processo simples de isolamento e purificação.¹  

Os pesquisadores concluem que é necessário haver mais estudos brasileiros sobre a fagoterapia. Devido aos resultados positivos em outros países, há bons indícios de que pode ser uma ferramenta efetiva no combate à resistência antimicrobiana no Brasil.¹   

Referências:
Martins WMBS, Toleman MA, Gales AC. Clinical utilization of bacteriophages: a new perspective to combat the antimicrobial resistance in Brazil. Braz J Infect Dis. 2020 May-Jun;24(3):239-246. doi: 10.1016/j.bjid.2020.04.010. Epub 2020 May 15. PMID: 32422119; PMCID: PMC9392036. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9392036/

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